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David Bowie: as maiores lições empresariais de um camaleão do rock

DAVID BOWIE AS MAIORES LIÇÕES EMPRESARIAIS DE UM CAMALEÃO DO ROCK

Gênio. Questionador. Visionário. David Bowie saiu na frente utilizando ele próprio como produto final da sua genialidade.

E se nós fossemos o reflexo do que vendemos?

Vivemos numa época onde a informação compartilhada e o acesso a tecnologia possibilita um número incontável de ofertas similares. Os recursos inerentes a diferenciação estão se esgotando e os consumidores sabem disso. Entretanto, nós sabemos que o sucesso no curto prazo depende da iniciativa de promover o novo. Fazer diferente e melhor. David Bowie levava isso mais a sério do que qualquer ser humano deste planeta. Fez previsões acertadas sobre o futuro da música e saiu na frente utilizando ele próprio como produto final da sua genialidade. Embora seja improvável sermos profissionais com a sua conjuntura ou de conseguirmos juntar um time de “Bowies”, podemos extrair alguns aprendizados como o autoconhecimento, por exemplo.

Por que não iniciamos a jornada dentro de nós mesmos, sem esquecermos de olhar para o que está acontecendo ao nosso redor?

Desde cedo, David Bowie parecia conhecer o seu próprio SWOT. Ele sabia seus pontos fortes e fracos, e também sabia como potencializar suas fortalezas ou minimizar suas fraquezas diante das oportunidades e ameaças que o mundo da música despejava sobre sua cabeça. Ele deu vazão ao próprio talento para ocupar os espaços vazios (nichos de mercado) e maximizar seu sucesso numa escala inimaginável – ele sempre esteve a frente da sua época. Ele criou diversas tendências em um Universo repleto de plágio.

Eu queria ser visto como um definidor de tendências, e não como uma moda passageira. Eu não queria ser uma moda, e sim o instigador de novas ideias.

Posicionamento correto. Quando seguimos modas, fazemos o “mais do mesmo” e colocamos nossos produtos e serviços em uma parábola sem a maturação necessária para atingir a maturidade antes da queda natural prevista em qualquer ciclo de vida. Você sobe rápido e cai mais rápido ainda. Assim são as modinhas. Ele não – Bowie era um camaleão, cantava, compunha, interpretava, e produzia musicais. E sua imagem era o espelho do que ele estava fazendo no momento – cantor de coral, dançarino, saxofonista, pianista, guitarrista e baixista. E não para por aí: ele estudou design, arte, música e produção de layouts para publicidade. Sim, David Bowie era um marketeiro de primeiríssima linha! A diferenciação do Camaleão do Rock era sustentada por um embasamento intelectual incomparável. Difícil lembrarmos de alguém com a sua capacidade de inovar, recriar e unir múltiplas habilidades para a criação das tendências de mercado.

Já ouviram falar em Nexialismo?

Pois é, David Bowie tinha a enorme capacidade de juntar e organizar ideias de campos de estudo completamente diferentes. Ele combinava gêneros e enfoques; unia diferentes especialistas para concretizar seus sonhos e projetos, atuando como uma ponte, um facilitador para a mediação de uma comunicação clara e objetiva entre parceiros que dividiam o espaço em uma Torre de Babel. E ele fez isso!

Projetos em andamento, sua imagem incorporava a inovação.

Segundo o próprio Bowie, seu desejo de oferecer algo realmente novo para o seu público gerou alguns transtornos de identidade, ou seja, ele mesmo se confundia com os inúmeros personagens criados com o propósito de gerar valor e vantagem comparativa. Seu compromisso com os alter-egos era intenso, íntimo e honesto, já que ele comparecia as entrevistas caracterizado com a sua própria criação.

O amanhã pertence a quem consegue ouvi-lo chegando…

 

Sua inventividade corroborou para o sucesso da marca “David Bowie”. Uma imagem vinculada a valores atrelados a experimentação do novo e a capacidade criativa de desenvolver novos conceitos. Ele próprio se referia as criações do passado com um certo desprezo calculado, dando a entender que nada era reaproveitado (desmistificando Lavoisier ), porém, manteve o respeito pela própria história ao continuar apresentando obras antigas em seus shows mais atuais.

Na dúvida, oferecer a melhor qualidade possível.

Todos nós sabemos que qualidade e preço são variáveis diretamente proporcionais. Que quando subimos uma, a outra sobe a galope. Pois bem, caros leitores, na década de 80 Bowie inovou mais uma vez – com a promessa de chegada dos CD’s, o preço dos discos de vinil despencou e ele explicou ao executivo do selo Rycodisc que ele queria se vender em condições diferenciadas: Queria um preço premium para um produto premium. Ele sabia que tinha uma qualidade sonora e uma produção gráfica diferenciadas. Ele sabia que podia cobrar mais pelo que ele oferecia. O tempo mostrou que ele havia encontrado um novo caminho: Que produto e embalagem precisavam andar juntos quando a proposta é ser mais lucrativo.

 

Todos os meus erros aconteceram quando eu tentei adivinhar o que a minha audiência queria.

Entender o novo e se posicionar.

Em meados dos anos 90, David Bowie percebeu o potencial da Internet e teve um vislumbre de como ela alteraria profundamente o negócio da música, provocando uma disrupção nos conceitos da propriedade intelectual e autoral. Ainda no início (por volta de 1996), mesmo com a Internet dando os primeiros passos, ele disponibilizou três versões do single “Telling Lies” em seu site já oficial. No ano seguinte, fez uma transmissão via web do seu show em Boston. Em 1998, criou um provedor com o seu nome e uma Comunidade Virtual para os seus fãs – isso muito antes das famosas redes sociais. Nossa, este cara era um visionário, um gênio quando o assunto era antecipar uma grande demanda.

 

 

Não basta identificar tendências, precisamos entender o seu sentido.

Processos! Bowie também era um inveterado questionador dos processos de produção e distribuição dos seus produtos. Em 2002, declarou que no futuro não haveria grandes selos porque os próprios artistas produziriam e distribuiriam suas obras. Interpretava cenários de investimento, retração, crescimento e sobrevivência muito antes dos profissionais de marketing começarem a prestar consultoria para os seus respectivos clientes – eu me englobo nisso! Além disso, previu que o copyright deixaria de existir e que os direitos autorais e a propriedade intelectual se desintegrariam. Eu discordaria com toda a certeza, mas ele estaria certo mais uma vez!

Não quero ser o homem mais rico. Basta eu ser um homem diferente.

Para preservar o valor e manter o controle dos direitos da sua obra, Bowie encontrou uma forma de garantir a sua autonomia financeira: Emitiu em 1997 debêntures lastreados nas receitas geradas pelos direitos autorais dos seus álbuns mais antigos e conhecidos, licenciados à EMI e englobando um catálogo de mais de 300 canções de 27 discos, lançados até 1990. Parte dos 55 milhões de dólares obtidos na operação serviu para que Bowie recomprasse os direitos autorais não incorporados na transação. Dessa forma ele se livrou do vigarista do seu empresário.

É verdade. Ninguém pensa nisso quando o assunto é resguardar suas idéias com inteligência!

A medida que você fica velho, as questões se resumem a duas ou três: Quanto tempo me resta? O que vou fazer com o tempo que me resta?

Posturas, decisões e atitudes compõem uma linguagem sobre a pessoa, sua visão do mundo e a capacidade de compreender seu papel e sua jornada. Elas falam, comunicam o quanto podemos ser fiéis aos princípios e se conseguimos ou não oferecer coisas novas sem perder a essência, dominarmos os aspectos mais importantes do nosso ofício. A construção de uma marca se faz com base nas ações e nas decisões dos seus sócios e cúmplices,  e refletem o conhecimento que temos de nós mesmos, a forma como lidamos com o novo e o nosso dever de formular soluções eficazes para os nossos clientes. De certa forma, tudo que vendemos é o reflexo de nós mesmos.

Em 10 de janeiro de 2016, este gênio nos deixou fisicamente. Mas graças a ele, extraímos diversas lições positivas para liderar nossos sonhos e nosso negócio. Vivenciei o auge de David Bowie, sua música, seu talento, suas diversas mutações e hoje tento tirar proveito da sua genialidade para conduzir o que eu acredito – a Followmeto.

E para finalizar, uma obra prima assinada por dois ícones da minha geração – Freddie Mercury e David Bowie.